segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Reflexos

Estive pensando durante um bom tempo sobre o que eu iria escrever aqui, na minha primeira contribuição para o blog, e simplesmente não consegui chegar a uma conclusão. Não por não ter o que escrever, mas sim porque há tanto sobre o que falar que às vezes me perco em devaneios imaginando diversas coisas diferentes, será que faço um conto? A resenha de um livro? Ou talvez sobre uma música? Uma crítica sobre o mundo no qual Sobrevivemos (sim, com ‘S’ maiúsculo!)?

Depois de contribuições tão bem escritas das minhas amigas, o que eu faria? Não escrevo tão bem quanto elas (talvez vocês já tenham percebido!), mas escolhi postar assim mesmo. E se assim é, então porque não falar sobre coisas impossíveis?

Uma vez escutei alguém dizer que há coisas impossíveis de ser realizadas, mas afirmo que ela está completa e terminantemente errada! Simplesmente por que alguém ainda não fez ou ‘tecnicamente’ não existe não quer dizer que seja impossível. Sei perfeitamente que é um argumento simplório, fraco até, mas pensem comigo, quantas vezes vocês já não ouviram que algo não é possível, e pouco depois, como que por ‘milagre’ aconteceu?

Não quero que isso pareça o trecho de um livro de auto-ajuda, simplesmente não vale à pena dar conselhos (a não ser que se pague por eles, e pague caro!), mas é uma conclusão a qual qualquer ser humano deveria ser capaz de chegar, NÃO HÁ COISAS IMPOSSIVEIS! Visivelmente, cheguei a essa conclusão, e devo acrescentar que não foi uma conclusão recente (mérito meu.), o que recentemente descobri, ou pelo menos acredito que seja a verdade, foi o motivo pelo qual 80% das pessoas ainda acreditam que existem coisas impossíveis de serem realizadas, e isso se dá porque ou não se reflete sobre isso ou as pessoas não tiveram oportunidade de pensar sobre isso (pobres afortunados.).

Quando digo que não tiveram oportunidade me refiro àquelas pessoas que simplesmente vivem a vida, pois perceberam ou aprenderam (talvez por osmose?) que a vida é muito curta e não vale a pena prestar atenção as coisas impossíveis. Quanto àqueles indivíduos que nem aproveitam e nem refletem sobre as ‘coisas e tudo mais’ eu poderia dizer que torço para que um dia eles possam preencher essa lacuna, mas querem saber a verdade? Eu não me importo nem um pouco com eles (egoísmo? Pode ser, mas acima de tudo sinceridade).

Agora, pessoas como eu, que chegam a conclusões, independente de certas ou erradas, resta-nos usufruir das mesmas e, ao mesmo tempo, tentar esquecê-las, mesmo que por um momento, para que possamos aproveitar das coisas chamadas de impossíveis mas que no fundo são as verdadeiras formas de diversão.

Tudo isso pode não significar nem valer nada, mas é assim que me inicio aqui no Baú.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mil faces

Hoje, mostrarei a vocês uma música muito bonita da Regina Spektor. Uma das coisas que mais aprecio no universo reginístico é a delicadeza de suas composições. Ao mesmo tempo em que tudo parece muito simples e até pueril, na verdade, é bastante profundo e significativo, assim como em Pequeno Príncipe ou mesmo o Leonard Cohen.
Por muito tempo, Man Of A Thousand Faces me foi um verdadeiro enigma. Repentinamente, tudo fez sentido de uma forma tão mágica e profunda que se tornou importante compartilhar com os outros.
A letra, então:
Man Of A Thousand Faces
The man of a thousand faces
sits down at the table
eats a small lump of sugar
and smiles at the moon like he knows her
And begins his quiet ascension
without anyone’s sturdy instruction
to a place that no religion
has found a path to, or a likeness
His words are quiet like stains are
on a tablecloth washed in the river
Stains that are trying to cover
for each other
or at least blend in with the pattern
Good is better than perfect
scrub till your fingers are bleeding
and I’m crying for things that
I tell others to do without crying
He used to go to his favorite bookstores
and rip out his favorite pages
and stuff ‘em into his breast pockets
and the moon, to him, was a stranger
Now he sits down at the table
right next to the window
and begins his quiet ascension
without anyone’s sturdy instruction
to a place that no religion
has found a path to, or a likeness
and he eats a small lump of sugar
and smiles at the moon like he knows her...
http://www.youtube.com/watch?v=80U5YdGrt9g&ob=av3em

Vejo o homem de mil faces como todos. Mil faces porque cada um de nós tem tantas nuances, tantos lados, versões e sutilezas. Estas faces, assim como o nosso próprio rosto físico, mudam com o tempo, envelhecem e não podem ser escolhidas por nossa vontade, apenas somos assim.

O ínicio da música me parece ser como o início da vida. Sentar-se indica espera e, na vida, muito esperamos. Para a maioria das pessoas, a infância é doce e cheia de sonhos e imaginação. É nesse momento que se sorri pra lua como se a conhecesse, simbolizando toda a fantasia pueril. Também é o início de nossa jornada silenciosa que ruma à morte. Viver é um exercício autodidata e, após tudo isso, não se sabe o que há depois – ou se há algum depois.

Durante nosso curto tempo aqui, a nossa maior marca são nossas próprias palavras. Uma vez ditas, obviamente, não há volta. São como manchas. Quando mudamos de opinião, as antigas são cobertas pelas novas. E, às vezes, o desejo de nos adaptar ao mundo e às outras pessoas nos leva a seguir o senso comum, representado pela estampa. Tudo isso  mostra como mudamos de face com o tempo.

Às vezes tentamos incessantemente encontrar a nossa face perfeita e, na verdade, a maior beleza humana é a capacidade de mudar e se superar. Ao mesmo tempo que isso nos faz eternamente insatisfeitos, é a força que nos conduz a evoluir e criar coisas belas. Pelo dinamismo da vida, bom é melhor que perfeito. Mas sempre nos cobram o segundo. E isso pode tomar uma forma grotesca, nos fazendo remoer constantemente o passado, julgando e auto-controlando milimetricamente tudo o que fazemos. A própria inacessibilidade da perfeição torna a busca por ela um processo doloroso. E mesmo quando nos sentimos fortes, a vida traz surpresas que achávamos que suportaríamos com tenacidade, mas nos fragilizam.

Todos esses aprendizados e experiências que ganhamos com a vida podem ser simbolizados por uma biblioteca, reiterando o fato de aprendermos só. E no meio disso, há as nossas lembranças mais queridas, guardadas perto do peito. O tempo, muitas vezes, nos faz esquecer dos sonhos. Torna as nossas fantasias, nossa lua, estranhas.

A parte final, onde o homem senta-se agora perto da janela, me parece falar sobre a velhice. Sentar-se perto da janela indica que ele pode ver melhor o lado de fora, assim como as pessoas ficam mais sábias com o passar dos anos. É apenas uma intuição, mas acho que a ascensão silenciosa refere-se à morte e ao que pode haver depois. Nenhuma religião jamais pode definir essas coisas e, consequentemente, como quem se aventura por uma nova estrada, isso acaba por nos aproximar de novo de nossos sonhos.

O mais belo de tudo isso é que assim como o homem de mil faces, esse pequeno texto da Regina pode ser interpretado de mil formas diferentes. Apenas por me parecer mágico demais que uma só música consiga carregar um significado tão profundo que aqui está ela no Baú.

domingo, 23 de janeiro de 2011

If it doesn’t matter, does it antimatter?

Por toda nossa história, sempre separamos tudo em dois caminhos. Esta polarização nota-se nas mais diversas facetas da sociedade. Das religiões primitivas ao cristianismo atual, há sempre uma entidade espiritual associada a moral, aos bons costumes e ao bem e o outro ser associado ao mal; nossas concepções éticas, e mesmo estéticas, dividem-se também em dois lados: o certo e o errado, o belo e o feio.

Talvez, porque a natureza animal tende a simetria e há apenas dois gêneros, esta busca por duas faces opostas seja até mesmo instintiva, já que em nossa luta pela sobrevivência torna-se essencial perceber rapidamente nossos inimigos ou aliados. Nosso cérebro também não está preparado para lidar com muitas possibilidades simultaneamente. Haver apenas duas alternativas torna o processo mais simples e eficiente, nos fadando eternamente a  produzir apenas abstrações que não alcançam a realidade de múltiplas variáveis do nosso mundo.

Interpretar o nosso universo através de duas possibilidades é a causa de sentirmos tanto ódio. Os nossos familiares dois caminhos fazem surgir superiores e inferiores, dignos e indignos, santos e pecadores... Em suma, cria grupos antagônicos onde não há outra possibilidade a não ser participar e apoiar um, execrar o outro. Dessa forma, acabamos por nos fechar em nossas limitações e ainda julgamos mal os outros, por nossa simples incompreensão. Essa atitude tão peculiar a nós faz com gênios sejam classificados como loucos, tendo sua devida contribuição reconhecida apenas postumamente. E isso é algo que, em maior ou menor escala, faz parte das nossas vidas.

Todos nós estamos aqui para sermos amados e odiados e, também, para amar e odiar. Essas emoções tão profundas e difíceis de compreender que conseguimos sentir e inspirar nos outros são a nossa igualdade. E mesmo tão iguais, tão profundamente semelhantes em nossos temores e tantas outras coisas, cada um de nós é maravilhosamente único e especial. Todos temos os nossos medos e manias sem sentido, as nossas lembranças inesquecíveis da infância, uma  cor preferida, e a música que nos faz chorar por nos fazer pensar em alguém marcante. Talvez, acabamos esquecendo que os outros também sentem. Nosso egoísmo arranca da memória que todos, todos são criaturas delicadas e essenciais, com quem podemos aprender. Mesmo aquela pessoa que, aparentemente, não sabe de muita coisa, certamente tem um aprendizado lindo a nos oferecer.

Resolvemos então abrir o nosso baú e compartilhar nossos sonhos com todos aqueles que assim o desejarem. Inclusive, acho sonhos simplesmente importantes demais, o que parece infantil para alguns. O fato é que vivemos num lugar ao mesmo tempo maravilhoso e assustador e é nossa obrigação descobri-lo, explorá-lo e conhecê-lo. Parece que o tempo quer matar a nossa curiosidade e a imaginação. Quando se vão, o que resta é uma vida de cinzas e coisas que fazemos sem saber ao certo o porquê. Aliás, você já pensou que tudo pode ser uma grande ilusão? Ou será real?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

De algum lugar do Universo, 19 de janeiro de 2011.

Caríssimos visitantes,

Diante da vastidão do Universo, somos apenas pequenos seres compartilhando um singelo pedaço de chão, perdidos em meio ao tempo. Incrível como esse pequeno lugarejo em que vivemos pode ser surpreendente, capaz de produzir criaturas tão complexas, todas diferentes umas das outras.

Não há nenhum ser humano igual a outro. Somos diferentes em cada pedacinho nosso: pensamos , agimos, sonhamos, amamos diferente... E é exatamente essa nossa constituição única que nos permite afirmar que, ainda que gerações tenham atravessado os séculos e muitas outras estejam por vir, nunca haverá um ser humano igual ao que somos individualmente! Ah, e como isso é sublime!

Imaginar os infinitos arranjos que podem ser tecidos nesse mar de possibilidades nos faz crer que somos parte de algo maior, tão misterioso e eletrizante que sentimos nossa existência intrinsecamente ligada ao vazio das conexões sem fim e dos devaneios...

Sim, somos parte desse algo maior, fruto do devaneio e resultado de inúmeras conexões. Somos o mundo e fazemos parte dele, conscientes da singularidade de nossas mentes e almas e donas de cada relance fantástico que brote de nosso intelecto físico e tome conta de nossas mãos, na tentativa de tornar palpável aquilo que nos torna extraordinárias. Decidimos que é tempo de abrir o baú e sonhar!

Quem somos? Ah, isso não é tão importante quanto saber o que queremos ser... E queremos ser tudo e nada, começo e fim, corpo e alma. Queremos existir!

E esse querer nos impele a termos um nome. Somos Emily B., Hannah A. e Simone B. Seres humanos como qualquer outro, todavia não podemos garantir que nos encaixamos em seu conceito de concretude e realidade. Mas cá entre nós, quem pode?

Se você, como nós, acredita que não existe distância entre o real e o imaginário, seja bem-vindo, sente-se, leia e pense! Contudo, se você se contenta em dividir o mundo nas velhas duas possibilidades sem ansiar por mais, vá em frente e finja que não existimos, será mais fácil, com certeza.

Atenciosamente,

Emily, Hannah e Simone.