domingo, 30 de janeiro de 2011

Mil faces

Hoje, mostrarei a vocês uma música muito bonita da Regina Spektor. Uma das coisas que mais aprecio no universo reginístico é a delicadeza de suas composições. Ao mesmo tempo em que tudo parece muito simples e até pueril, na verdade, é bastante profundo e significativo, assim como em Pequeno Príncipe ou mesmo o Leonard Cohen.
Por muito tempo, Man Of A Thousand Faces me foi um verdadeiro enigma. Repentinamente, tudo fez sentido de uma forma tão mágica e profunda que se tornou importante compartilhar com os outros.
A letra, então:
Man Of A Thousand Faces
The man of a thousand faces
sits down at the table
eats a small lump of sugar
and smiles at the moon like he knows her
And begins his quiet ascension
without anyone’s sturdy instruction
to a place that no religion
has found a path to, or a likeness
His words are quiet like stains are
on a tablecloth washed in the river
Stains that are trying to cover
for each other
or at least blend in with the pattern
Good is better than perfect
scrub till your fingers are bleeding
and I’m crying for things that
I tell others to do without crying
He used to go to his favorite bookstores
and rip out his favorite pages
and stuff ‘em into his breast pockets
and the moon, to him, was a stranger
Now he sits down at the table
right next to the window
and begins his quiet ascension
without anyone’s sturdy instruction
to a place that no religion
has found a path to, or a likeness
and he eats a small lump of sugar
and smiles at the moon like he knows her...
http://www.youtube.com/watch?v=80U5YdGrt9g&ob=av3em

Vejo o homem de mil faces como todos. Mil faces porque cada um de nós tem tantas nuances, tantos lados, versões e sutilezas. Estas faces, assim como o nosso próprio rosto físico, mudam com o tempo, envelhecem e não podem ser escolhidas por nossa vontade, apenas somos assim.

O ínicio da música me parece ser como o início da vida. Sentar-se indica espera e, na vida, muito esperamos. Para a maioria das pessoas, a infância é doce e cheia de sonhos e imaginação. É nesse momento que se sorri pra lua como se a conhecesse, simbolizando toda a fantasia pueril. Também é o início de nossa jornada silenciosa que ruma à morte. Viver é um exercício autodidata e, após tudo isso, não se sabe o que há depois – ou se há algum depois.

Durante nosso curto tempo aqui, a nossa maior marca são nossas próprias palavras. Uma vez ditas, obviamente, não há volta. São como manchas. Quando mudamos de opinião, as antigas são cobertas pelas novas. E, às vezes, o desejo de nos adaptar ao mundo e às outras pessoas nos leva a seguir o senso comum, representado pela estampa. Tudo isso  mostra como mudamos de face com o tempo.

Às vezes tentamos incessantemente encontrar a nossa face perfeita e, na verdade, a maior beleza humana é a capacidade de mudar e se superar. Ao mesmo tempo que isso nos faz eternamente insatisfeitos, é a força que nos conduz a evoluir e criar coisas belas. Pelo dinamismo da vida, bom é melhor que perfeito. Mas sempre nos cobram o segundo. E isso pode tomar uma forma grotesca, nos fazendo remoer constantemente o passado, julgando e auto-controlando milimetricamente tudo o que fazemos. A própria inacessibilidade da perfeição torna a busca por ela um processo doloroso. E mesmo quando nos sentimos fortes, a vida traz surpresas que achávamos que suportaríamos com tenacidade, mas nos fragilizam.

Todos esses aprendizados e experiências que ganhamos com a vida podem ser simbolizados por uma biblioteca, reiterando o fato de aprendermos só. E no meio disso, há as nossas lembranças mais queridas, guardadas perto do peito. O tempo, muitas vezes, nos faz esquecer dos sonhos. Torna as nossas fantasias, nossa lua, estranhas.

A parte final, onde o homem senta-se agora perto da janela, me parece falar sobre a velhice. Sentar-se perto da janela indica que ele pode ver melhor o lado de fora, assim como as pessoas ficam mais sábias com o passar dos anos. É apenas uma intuição, mas acho que a ascensão silenciosa refere-se à morte e ao que pode haver depois. Nenhuma religião jamais pode definir essas coisas e, consequentemente, como quem se aventura por uma nova estrada, isso acaba por nos aproximar de novo de nossos sonhos.

O mais belo de tudo isso é que assim como o homem de mil faces, esse pequeno texto da Regina pode ser interpretado de mil formas diferentes. Apenas por me parecer mágico demais que uma só música consiga carregar um significado tão profundo que aqui está ela no Baú.

2 comentários:

  1. Mt boa leitura da música =) Mas só uma dica, quando postar um vídeo tenta postá-lo de forma que vc possa executar no próprio blog, é facinho, basta copiar o embeded [ou se o Youtube tiver em português o nome é "Incorporar"] que todo vídeo possui no Youtube (alguns deles são barrados pelo próprio autor, mas não é o caso da grande maioria [a localização desse botão é embaixo do vídeo]) ai quando colocar se vc quiser diminuir o tamanho do vídeo tem a opção, acho que pra o blog de vocês fica uma boa o tamanho 480 x 390 é uma boa, n sei... só vcs testando pra ver [Falo isso, mas nem sei se vocês tentaram fazer isso e o Youtube não permitia pra esse vídeo, enfim.. ] Parabéns pela postagem mais uma vez, agora tô esperando o texto de Juh *_*

    Markus

    ResponderExcluir
  2. Mt boa leitura da música =) Mas só uma dica, quando postar um vídeo tenta postá-lo de forma que vc possa executar no próprio blog, é facinho, basta copiar o embeded [ou se o Youtube tiver em português o nome é "Incorporar"] que todo vídeo possui no Youtube (alguns deles são barrados pelo próprio autor, mas não é o caso da grande maioria [a localização desse botão é embaixo do vídeo]) ai quando colocar se vc quiser diminuir o tamanho do vídeo tem a opção, acho que pra o blog de vocês fica uma boa o tamanho 480 x 390 é uma boa, n sei... só vcs testando pra ver [Falo isso, mas nem sei se vocês tentaram fazer isso e o Youtube não permitia pra esse vídeo, enfim.. ] Parabéns pela postagem mais uma vez, agora tô esperando o texto de Juh *_*

    ResponderExcluir